Cultura afro-brasileira é o resultado do desenvolvimento da cultura africana no Brasil, incluindo as influências recebidas das culturas portuguesa e indígena que se manifestam em diversos expressões como, por exemplo, a música, a religião e a culinária. Os estados do Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais influenciados tanto pela quantidade de escravos recebidos como pela migração interna dos escravos, em virtude do fim do ciclo da cana-de-açúcar na região Nordeste.
Evolução histórica
Inicialmente, todas as manifestações culturais afro-brasileiras eram proibidas, desprezadas, desestimuladas e perseguidas porque não eram parte do universo cultural europeu, não representavam civilidade, mas sim, uma cultura selvagem e atrasada em contra-ponto à Europa em desenvolvimento.Entretanto, a partir de meados do século XX, as expressões culturais afro-brasileiras começaram a ser gradualmente aceitas, admiradas e celebradas pelas elites brasileiras como expressões artísticas genuinamente nacionais. Nem todas manifestações culturais foram aceitas ao mesmo tempo. O samba foi uma das primeiras expressões da cultura afro-brasileira a ser admirada quando ocupou posição de destaque na música popular.A capoeira, que era considerada forma de briga de bandidos e marginais, foi apresentada, em 1953, por mestre Bimba ao presidente Getúlio Vargas que então a chamou de "único esporte verdadeiramente nacional". Durante a década de 1950, as perseguições às religiões afro-brasileiras diminuíram e a Umbanda passou a ser seguida pela classe média carioca .Na década seguinte, as religiões afro-brasileiras passaram a ser celebradas pela elite intelectual branca. Em 2003, foi promulgada a lei nº 10.639 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passando-se a exigir que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio incluam no currículo o ensino da história e cultura afro-brasileira. Religião
Os negros trazidos da África na condição de escravo, geralmente eram imediatamente batizados e obrigados a seguir o Catolicismo. A conversão era apenas superficial e as religiões de origem africana conseguiram permanecer, geralmente através de prática secreta. Algumas Religiões Afro-Brasileiras ainda mantém quase que totalmente as suas raízes africanas, como é o caso do Candomblé e Xangô do Nordeste, outras formaram-se através do sincretismo religioso como o Batuque, Xambá e Umbanda. No culto preferencial de santos facilmente associados com os orixás africanos como São Cosme e Damião (ibejis), São Jorge (Ogum no Rio de Janeiro), Santa Bárbara (Iansã); na criação de novos santos populares como a Escrava Anastácia; e em ladainhas, rezas e festas religiosas (como a Lavagem do Bonfim onde as escadarias da igreja do Senhor do Bonfim em Salvador, Bahia são lavadas com água de cheiro pelas filhas-de-santo do candomblé). As igrejas pentencostais do Brasil, que combatem as religiões de origem africana, na realidade têm várias influências destas como se nota em práticas como o batismo do Espírito Santo e crenças como a de incorporação de entidades espirituais (vistas como maléficas). Enquanto o Catolicismo nega e existência de orixás e guias, as igrejas pentencostais acreditam na sua existência, mas como formas de demônios. Culinária
Na Bahia existem duas maneiras de se preparar os pratos "afros". Uma mais simples, sem muito tempero, que é feita nos terreiros de candomblé para serem oferecidos aos Orixás, e a outra, fora dos terreiros, onde as comidas são preparadas e vendidas pela baiana do acarajé, nos restaurantes, e nas residências, que são mais carregadas no tempero e mais saborosas. A culinária baiana é a que mais demonstra a influência africana nos seus pratos típicos como acarajé, vatapá e moqueca. A feijoada é considerado o prato nacional do Brasil. É basicamente a mistura de feijões pretos e carne de porco. Começou, certamente, quando escravos negros tentaram reproduzir pratos típicos da culinária portuguesa da região do Porto que misturavam feijão branco com carne de porco. Os escravos negros modificaram a receita, pois só tinham acesso a feijões pretos, às partes rejeitadas do porco que eram salgadas (pés, rabos, orelhas) e à carne-seca. A feijoada é acompanhada pela farofa, prato a base de farinha de mandioca, com origem indígena e couve refogada. Capoeira
Capoeira é uma arte marcial criada por escravos negros no Brasil durante o período colonial. Conta-se que os escravos diziam aos senhores que era apenas uma dança e, então, o treino era permitido. Assim, a capoeira é sempre praticada com instrumentos de percussão, música cantada, dança e, em algumas versões, acrobacias. A capoeira é marcada por movimentos que enganam o oponente, geralmente feitos no solo ou completamente invertidos.
Recentemente, a capoeira tem sido bastante popularizada, sendo até o tema de vários jogos de computador e filmes. Freqüentemente é mencionada na música popular brasileira.
Música e dança
A A música popular brasileira é fortemente influenciada pelos ritmos africanos. As expressões de música afro-brasileira mais conhecidas são o samba, maracatu, ijexá, coco, jongo, carimbó, lambada e o maxixe.
Como aconteceu em toda parte do continente americano onde houve escravos africanos, a música feita pelos afro-descendentes foi inicialmente desprezada e mantida na marginalidade, até que ganhou notoriedade no início do século XX e se tornou a mais popular nos dias atuais. Instrumentos afro-brasileiros
Arte
A arte africana chegou ao Brasil através dos escravos, que foram trazidos para cá pelos portugueses durante os períodos colonial e imperial. Em muitos casos, os elementos artísticos africanos fundiram-se com os indígenas e portugueses, para gerar novos componentes artísticos de uma magnifíca arte afro-brasileira.
Na pintura foram muitos os pintores e desenhistas que se dedicaram a mostrar a beleza do Candomblé, Umbanda e Batuque em suas telas. Um exemplo é o escultor e pintor argentino Carybé que dedicou boa parte de sua vida no Brasil esculpindo e pintando os Orixás e festas nos mínimos detalhes, suas esculturas podem ser vistas no Museu Afro-Brasileiro e tem alguns livros publicados do seu trabalho.
Após a leitura do texto responda atentamente:
Responder no caderno para posterior avaliação.
1. Qual a contribuição do negro para a formação histórica e cultural do Brasil?
2. Como eram vistas as práticas do dia-a-dia do negro em diferentes situações
3. Como surgiu a prática da capoeira? Como ela é caracterizada?
4. Como foi difundida a religião praticada pelos negros e como se chama a fusão com a religião católica?
5. Cite alguns orixás e santos católicos a quem esses se referem.
6. Qual a contribuição na culinária trazida e complementada aqui no Brasil pelos negros?
7. Cite alguns ritmos musicais trazidos pelos negros e instrumentos utilizados por eles.
8. Na arte, como foi a contribuição africana?
9. Na sua opinião, a contribuição africana ainda revela modificações na sociedade?Como e onde?